INTERSECÇÕES ENTRE COLONIALIDADE E GÊNERO NO ROMANCE EU TITUBA: BRUXA NEGRA DO SALÉM

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18817/rlj.v9i1.4111

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a condenação de Tituba, personagem central do romance Eu, Tituba: bruxa negra de Salém, da escritora caribenha Maryse Condé, no contexto da caça às bruxas ocorrida em Salém, no ano de 1692. A narrativa ficcional, ancorada em fatos históricos, reconstrói a trajetória de Tituba, mulher negra oriunda de Barbados, que, após se envolver com John Indien — um indígena escravizado —, migra para a colônia de Massachusetts, onde é acusada de práticas de bruxaria, também conhecidas na época como “hoodoo”. Apesar de sua condição inicial ser de mulher livre, Tituba é presa, condenada e, posteriormente, enforcada, sendo novamente capturada e executada em sua terra natal sob novas acusações de conspiração contra o sistema colonial. A obra de Condé serve como base para discutir marcos teóricos fundamentais sobre a diáspora africana, a colonialidade do poder e a interseccionalidade de raça e gênero no sistema escravocrata. O estudo, de caráter bibliográfico e qualitativo, fundamenta-se nos aportes teóricos de Walter Mignolo (2010), María Lugones (2023), Lélia Gonzalez (2020) e Stuart Hall (2023), para demonstrar como a retórica colonizadora operou por meio de mecanismos físicos, discursivos e religiosos na consolidação da figura do negro — especialmente da mulher negra — como representação do mal. Argumenta-se, assim, que a narrativa de Condé contribui para desestabilizar o “mito” da modernidade europeia ao dar voz a sujeitos historicamente silenciados.

Biografia do Autor

Ludimila Silva de Almeida, UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA

Mestranda em Estudos Teóricos e Críticos em Literatura pela Universidade Federal do Maranhão (2024).

Naiara Sales Araújo, UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA

Possui PHD em Literatura Comparada pela Universidade Metropolitana de Londres (2013) e Pós-doutorado em Literatura e Cinema pela Universidade de Granada. É docente do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal do Maranhão. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Ensino de Línguas Estrangeira e Materna, Literatura Brasileira e Anglófonas, Literatura e outras artes, Literatura Especulativa, Ficção Científica e Literatura Fantástica, atuando nos seguintes temas: Ensino de língua inglesa, Português para Estrangeiros, Literatura Fantástica e Ficção Científica, a relação literatura e outras artes; Estudos pós-coloniais; Literatura Latino-Americana. É lider do Grupo de Pesquisa FICÇA (Ficção Científica, Gêneros Pós-Modernos e Representação Artísticas na Era Digital), coordenadora dos Projetos de pesquisa Ficção Científica e Sociedade (UFMA) e Literatura e outras Artes (UFMA) e coordenadora do projeto de extensão Línguas e Cultura do Maranhão.

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Publicado

2025-07-31

Como Citar

SILVA DE ALMEIDA, Ludimila; SALES ARAÚJO, Naiara. INTERSECÇÕES ENTRE COLONIALIDADE E GÊNERO NO ROMANCE EU TITUBA: BRUXA NEGRA DO SALÉM. REVISTA DE LETRAS - JUÇARA, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 97–114, 2025. DOI: 10.18817/rlj.v9i1.4111. Disponível em: https://www.ppg.revistas.uema.br/index.php/jucara/article/view/4111. Acesso em: 5 dez. 2025.